Iluminado - Lembranças da minha infância 

21/06/2017

Iluminado (Editora Clube dos Autores)


Recentemente eu fiz um outro livro o qual se chama ILUMINADO. No final desse texto colocarei o link de ounde ele pode ser comprado tanto na versão impressa como digital.

Houve um tempo (há muito tempo) que eu perdia o sono à noite e então resolvi começar a escrever sobre minhas lembranças da infância e de acontecimentos que ocorreram numa casa onde residia um monte de gente

O foco principal é a casa onde nasci na Rua Cravinhos nº 121, bem pertinho do túnel da 9 de julho aqui em São Paulo. Eu ia descrevendo os casos e onde eles ocorreram dentro da casa e depois descrevia como era aquele ambiente, sua decoração, para que servia, se nossa entrada (das crianças) ali era proibida, etc. Eu sei que a coisa foi se avolumando com o tempo e então eu resolvi (tentar) organizar tudo e montar esse livro que tem o nome Iluminado não porque me acho uma pessoa assim, mas o fato do nome você vai descobrir só no final da edição.

Veja abaixo um dos trechos de um dos capítulos do livro:

"...bem em frente ao final da escada ficava o meu quarto, como já disse, meu, do Marcelo e do Marino. Minha cama era a última de quem entra. A primeira era do Marino e o Marcelo dormia no meio. Além das reclamações de um ou de outro por seu vizinho estar "peidando", me lembro de uma situação dolorida que ali aconteceu comigo.

Minha irmã contraiu hepatite e todos na casa deveriam tomar três injeções, sendo uma por noite. Acho que por ver a Tia Tita tomando insulina diariamente, adquiri um verdadeiro pavor por agulhas e até hoje, prefiro me curar com comprimidos a injeções mesmo sabendo que o processo é bem mais lento. Tomei a primeira e chorei muito. Tomei a segunda no dia seguinte e novamente chorei mais ainda. No terceiro dia, o tio Rubens, que era quem aplicava as malditas [ou benditas, sei lá] injeções, teve uma reunião e como eu sempre dormia cedo, subi para o quarto logo depois da janta, me deitei e tentei dormir, tudo isso numa tentativa de me livrar da picada. Não conseguia dormir. Virava para um lado, virava para outro e nada. De repente ouvi a Kombi do tio Rubens chegando. Passo a passo acompanhei aqueles acontecimentos pelos seus sons. As seringas fervendo, um a um gritando com a agulhada que levava até que num momento ele perguntou "cadê o Manéco?". Já foi dormir alguém respondeu. "Me livrei" pensei eu. "Tem de tomar a injeção" disse ele enquanto subia a escada. Seus passos para mim, pareciam os de um dragão feroz que viria me comer. Nem bem a porta do quarto se abriu e ele foi dizendo em voz alta "vamos Manéco, baixa a calça". Aos gritos fui para a parede no final do quarto e apavorado dizia,"não tio, num precisa mais, eu já tomei duas...". Não adiantou nada. Veio todo mundo para me segurar. Lá foi a primeira picada e eu inconscientemente tirei a bunda da agulha. "Pior para você, vai tomar outra picada" disse ele já meio nervoso ... páf... outra picada e outra vez eu tirei a bunda da seringa. "A é" disse ele agora bem nervoso. Me pegou e me encostou na parede dizendo para minha tia e minha avó me segurarem daquele jeito. A terceira picada veio e essa foi sem dó. Parecia uma facada e não tendo para aonde tirar a bunda, ainda bati meu saquinho na parede e fiquei com dor na bunda e no saco, deitado na minha cama, chorando que nem um louco. No dia seguinte fui mancando para a escola e com os olhos inchados de tanto chorar.

Nosso quarto era bastante amplo. Tinha três camas de solteiro, dois armários e uma cômoda. Ele foi construído numa reforma que fizeram em casa assim que meu pai faleceu. Não sei por que "cargas d'água", surgiram umas rachaduras bem atrás da minha cama. Um época, veio um Engenheiro ou sei lá o que era aquele homem e minha avó mostrou para ele as tais rachaduras que não eram pequenas. Ele disse, vamos fazer o seguinte, vou colar papel vegetal que é bem fininho entre a rachadura e a Sra. repara se o papel vai rasgar...se rasgar é que elas estão aumentando, se não, a gente só coloca uma massa e pinta por cima. Para mim, com 10 ou 11 anos aquilo se tornou um verdadeiro terror. Sempre que eu me deitava eu imaginava aquele papelzinho rasgando e a caixa de água que estava acima da minha cabeça mais o telhado, tudo caindo em cima de mim. Os papéis ficaram lá durante anos e nem me lembro se foram retirados quando nos mudamos da casa.

Outro fato que aconteceu nesse quarto foi interessante, se é que assim podemos chamar o ocorrido.

Assim que abríamos a porta do quarto, existia um armarinho onde nas estantes de baixo minha avó guardava sapatos, roupas para concertos, etc. Na estante de cima ficavam os remédios. Uma vez eu estava pintando alguma coisa, acho que era um trabalho para escola e necessitei de algodão. Fui até o armário, abri e logo vi o rolo de algodão. Eu não o alcançava para retirá-lo inteiro e queria cortar só o pedaço necessário assim, puxei um pedaço e tentei cortá-lo, porém estava duro e eu tinha medo que caísse algo que o prendia e eu não podia ver. Fui até a gaveta do Marcelo e peguei [imagine só] um isqueiro Zip. Segurando a ponta solta com a mão esquerda, coloquei fogo para cortar o que precisava imaginando estupidamente que o fogo cortaria e cessaria. Como não poderia ter acontecido o contrário, além de eu não conseguir cortar o meu pedaço, o fogo se espalhou no resto do chumaço de algodão e percebi um início de incêndio. Apavorado corri até o banheiro grande que era logo ali ao lado e peguei um banquinho para eu subir e ver o estrago. Quando voltei ao armário, o fogo já alcançava o teto do armário. A fumaça era tanta que a tia Tita veio ver o que estava acontecendo e aos gritos, com um pote de água que estava no banheiro apagou o fogo. "O que você queria fazer Manoel Carlos", perguntava ela meio assustada e meio nervosa e eu não falava nada porque não vinha uma desculpa boa na minha ideia para contar a ela. Não me lembro de outras repreensões sobre aquele caso e nem se minha avó estava em casa naquele dia, só sei que o armarinho ficou com a madeira chamuscada para sempre e a casa cheirando fumaça por um bom tempo..."


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