Meu primeiro Livro

19/06/2017

Nunca vou me esquecer do processo em que eu e o Marcos aplicamos para conceber um livro que ensinasse, ou ao menos desse dicas aos interessados em Histórias em Quadrinhos. Tinha de ser algo de qualidade e que ao mesmo tempo  teria de ter um texto objetivo e didático sem se tornar uma coisa chata, além do mais, repleto de ilustrações em que mostrassem passo a passo os vários métodos de se elaborar algo que prendesse a atenção dos leitores.

Na época, entre o final de 1991 e o início de 1992 os recursos gráficos eram ainda bastante escassos, tanto para montagem das peças finais como os custos de tudo aquilo necessário para essa montagem. Por exemplo, tudo era colado numa página ou no tamanho original assim, os desenhos, as letras, logotipos, etc., eram enviados datilografados (para quem não sabe existiam máquinas de escrever no formato de um teclado quase igual o dos atuais computadores e assim que o botão da letra era acionado um ferrinho com a estampa da letra batia no papel e assim deixava ali a letra desejada) para uma empresa gráfica que fazia o chamado "composer" ou seja, a letra como ela apareceria no livro. Tudo isso era colado na folha de papel branca e tudo era alinhado ou com a régua paralela das antigas pranchetas ou com esquadros, ou ainda com os dois.

Antes de tudo isso porém a gente preparava um 'esboço' do livro utilizando rascunhos ou xérox e um livro rascunho era feito. A esse davamos o nome de "boneco" o qual era apresentado ao editor e ao responsável da gráfica para apreciação e correção além de verificação do custo de impressão e nesse ponto é que a coisa ficava grave, o custo da impressão. Uma vez aprovado o boneco faziamos a arte final e na grafica eles fabricavam um 'fotolito' que nada mais era do que um negativo (como o dos filmes fotográficos) só que com a separação das cores para impressão. Esse processo era caríssimo e o orçamento era feito por cm² o que fazia muitos livros antigos ou não terem páginas em cores ou terem pouquíssimas cores (que foi o caso do nosso).

Voltando ao processo de elaboração me lembro que eu ia para a casa do Marcos nos dias e em horários em que eu não estava dando aula. Ele é de família japonesa e me lembro que sua mãe, sempre muito gentil nos levava lanches e 'quitutes' japoneses (que por sinal eu adoro). Trabalhavamos muito e sempre em uma união na qual eu nunca tinha participado antes em nenhum outro projeto. Discutiamos como seriam as ilustrações, como montar as páginas e um índice que tivesse uma sequencia lógica e os dois desenhavam quase que juntos, quando eu não gostava de alguma ilustração que ele havia feito eu propunha alteração e ele fazia a mesma coisa comigo, dessa forma nunca tivemos nenhuma desavença e tudo transcorrria em perfeita harmonia.

O livro teve um lançamento muito legal onde vários de nossos amigos lá estiveram e as vendas sempre foram muito boas. A única lembrança desagradável disso tudo foi a falta de reconhecimento dos proprietários da ABRA que, como já disse na página UM POUCO DE MIM... nunca nos pagaram nada, nem pelo trabalho e nem pelas vendas das edições.

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